DOI: 10.5935/0100-929X.20120001 Revista do Instituto Geológico, São Paulo, 33 (1), 1-22, 2012
RECONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTE DE ÁGUA ASSOCIADO À LAVRA DE
OURO DURANTE O PERÍODO COLONIAL NOS ARREDORES DE GUARULHOS, SP, BRASIL
Annabel PÉREZ-AGUILAR
Caetano JULIANI
Márcio Roberto Magalhães de ANDRADE
Edson José de BARROS
RESUMO
As regiões de Guarulhos, Jaraguá, Pirapora do Bom Jesus, Sorocaba e Paranaguá
são apontadas por diversos autores como pioneiras na explotação de ouro durante o período
colonial brasileiro. O intervalo 1553 a 1597 pode ser considerado o marco inicial
do primeiro ciclo da mineração de ouro, que durou cerca de 200 anos. Em Guarulhos
o ouro foi lavrado principalmente em sedimentos de aluviões, colúvios, elúvios, material
saprolítico e veios de quartzo associados às rochas do Grupo Serra do Itaberaba,
uma sequência meta-vulcanossedimentar do Mesoproterozoico. Dez dutos e um túnel
nos arredores de Guarulhos constituem registros arqueológicos da lavra de ouro dessa
época. Tais construções estão relacionadas espacial e temporalmente com barragens,
bancadas de lavra, frentes de lavra, canais, valas, áreas de lavagem e separação de ouro,
pilhas de rejeito de cascalho e vestígios de paredes de pedra. A atividade de mineração
causou modificações de escala variada na paisagem, por ações relacionadas com o des
monte
de encostas, abandono de frentes de lavra e alargamento de vales. A correlação
dos dutos e túnel com diversas outras estruturas arqueológicas permitiu caracterizá-los
como parte integrante do sistema de transporte de água do processo da lavra de ouro,
intimamente associados às bacias hidrográficas do Ribeirão Tomé Gonçalves e dos cór
regos
Guavirituba, Tanque Grande e Guaraçau. Os dutos, localizados nas cabeceiras
das bacias hidrográficas, tinham como finalidade conduzir por gravidade a água arma
zenada
em barragens, indispensável à explotação de ouro a jusante. A função do túnel
era prover com água a lavra de uma encosta com minério essencialmente coluvionar.
Os resultados aqui obtidos fazem parte de um projeto amplo que visa resgatar, recuperar,
divulgar e preservar registros de grande valor arqueológico, mineiro, geológico,
histórico e cultural no âmbito do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos. O conjunto
destes registros auxilia na difícil tarefa de resgatar a história dos primórdios do Brasil
Colônia e de seu primeiro Ciclo do Ouro, geralmente ignorados pelos historiadores.
Palavras-chave:
duto, túnel, estrutura arqueológica, lavra, Ciclo do Ouro, período colonial,
Grupo Serra do Itaberaba.
ABSTRACT
According to several authors, during the Brazilian colonial period, the exploitation
of gold was first carried out in the regions of Guarulhos, Jaraguá, Pirapora do Bom
Jesus, Sorocaba and Paranaguá. The period from 1553 to 1597 can be considered the
starting point of the first gold mining cycle, which lasted approximately 200 years. In
Guarulhos, gold was mainly mined from alluvial, colluvial, eluvial, saprolitic deposits,
and from quartz veins associated with rocks of the Serra do Itaberaba Group, which
corresponds to a Mesoproterozoic metamorphosed volcano-sedimentary sequence. Ten
ducts and a tunnel, located near the city of Guarulhos, constitute archaeological gold
mining structures from that time. They are spatially and temporally associated with
dams, mining benches, mining fronts, channels, drains, places to wash and seek gold,
2
Pérez-Aguilar
et al.
gravel waste piles and remnants of stone walls. Mining caused anthropogenic changes
in the landscape on several scales, due to activities related to excavation of hillsides,
abandonment of mining operations and enlargement of valleys. The relation of the ten
ducts and the tunnel to several other archaeological gold mining structures allowed us
to characterize them as part of the water transportation system associated with the gold
mining activity carried out in this period in the outskirts of Guarulhos. They are closely
associated with the hydrographic basins of Guavirituba, Tomé Gonçalves, Tanque
Grande, and Guaraçau streams. The ducts, located in the headwaters of river basins,
upstream of small drainages, were built with the objective that the water stored in dams,
which was essential to downstream exploitation of gold, flew by gravity. The function
of the tunnel was to supply water for the exploitation of a mainly colluvial deposit on the
hillside. The results obtained in this study are part of a larger effort to retrieve, recover,
preserve and disclose records of great archaeological, mining, geological, historical
and cultural value within the context of the Gold Cycle Geopark of Guarulhos. These
records should be useful in the difficult task of recovering the early colonial history and
first Gold Cycle in Brazil, which are usually ignored by historians.
Keywords
: duct, tunnel, archaeological structure, mining, Gold Cycle, colonial period,
Serra do Itaberaba Group.
1 INTRODUÇÃO
As regiões de Guarulhos, Jaraguá, Pirapora do
Bom Jesus e Sorocaba no Estado de São Paulo e Paranaguá, no Estado do Paraná, são apontadas por diversos
autores como pioneiras na explotação do ouro durante o período colonial do Brasil (LEME 1772a, b; SAINTHILAIRE
1819, 1851; ESCHWEGE 1833a, b; ANDRADA 1847, 1882; DERBY 1889; CALÓGERAS 1904; EGAS 1925; MARTINS 1943; NEME 1959; HUTTER & NOGUEIRA 1966; MARQUES 1980, entre outros). Estas regiões faziam parte da antiga
Capitania de São Vicente (BUENO 2009).Há controvérsias entre os autores em relação às datas em que o ouro foi descoberto nas regiões citadas acima. De modo geral, o intervalo entre 1553 e 1597 pode ser considerado o marco do início
do primeiro ciclo da mineração de ouro. Entretanto, é consenso que a atividade da mineração de ourjá estava bem estabelecida na região de São Paulo nos primeiros anos do século XVII, constituindo uma importante atividade econômica. A decadência desta atividade deu-se no início do século XIX, como relatado por vários autores (MAWE 1812;
ESCHWEGE 1833a, b; NORONHA 1960), cul
minando com o fim do primeiro Ciclo do Ouro no Brasil, que durou ao redor de 200 anos. Este primeiro ciclo de mineração de ouro do Brasil colonial geralmente é ignorado pelos historiadores,
que consideram a explotação de ouro no período colonial mais tardia, abrangendo o período entre 1690-1750 (e.g. BETHELL 1984). As minas da Capitania de São Vicente começaram a ser lavradas por escravos indígenas (LEME 1972a, b). Mascomo os índios foram em grande parte aniquilados (BETHELL 1984), é provável que os escravos africanos
tenham sido utilizados posteriormente, como sugerido por NORONHA (1960). As minas de Guarulhos produziram grande quantidade de ouro ao longo do tempo, abrangendo uma área de dezenas de quilômetros quadrados (NORONHA 1960).
O objetivo deste trabalho é reconstituir e caracterizar o sistema de transporte de água associado à lavra de ouro dessa época nos arredores da cidade
de Guarulhos. Os dutos e o túnel identificados foram contextualizados em relação às bacias hidrográficas de seu entorno, feições geológicas e geomorfológicas e demais estruturas arqueológicas da lavra de ouro. Os resultados desse estudo fazem parte de um esforço maior que visa resgatar, recuperar, divulgar e preservar registros do primeiro Ciclo do Ouro do Brasil colonial no âmbito do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos, criado pelo Decreto
Municipal nº 25974 de 16/12/2008 (PÉREZ-AGUILAR etal.
2012), atualmente em fase de implantação. Este esforço requer, no futuro, estudos multidisciplinares envolvendo geólogos, arqueólogos, geógrafos,
historiadores e antropólogos.
2 CONTEXTO REGIONAL
Na área de estudo afloram os grupos Serra do
Itaberaba (Mesoproterozoico) e São Roque (Neoproterozoico)(JULIANI & BELJAVSKIS 1995;3 Revista do Instituto Geológico, São Paulo, 33 (1), 1-22, 2012 JULIANI et al. 2000, no prelo; HACKSPACHER
et al. 2000, 2001), pertencentes ao segmento central da Faixa Ribeira (ALMEIDA
et al. 1973, 1981). O Grupo Serra do Itaberaba corresponde a uma sequência meta-vulcanossedimentar, parcialmente recoberta pelo Grupo São Roque, representado essencialmentepor uma sequência meta-siliciclástica. As rochas de ambos os grupos foram intrudidas por
diversos corpos de granitoides sin- a pós-colisionais do Neoproterozoico ao Cambriano e foram afetadas por diversas zonas de cisalhamento com direções preferenciais NE-SW (Figuras 1 e 2). As rochas meta-vulcanossedimentares associadas ao Grupo Serra do Itaberaba foram inicialmente depositadas em um ambiente oceânico, caracterizado pela presença de basalto do tipo N-MORB (
normal mid ocean ridge basalt), que posteriormente evoluiu para um ambiente de retroarco. Estas rochas foram afetadas por dois eventos metamórficos regionais de grau médio: o primeiro
durante o Mesoproterozoico (490-650 ºC; 4 - 7kbar) e o segundo no Neoproterozoico (500-580ºC; 4 - 4,7 kbar). Posteriormente as rochas foram
afetadas por um evento retrometamórfico de baixo grau (JULIANI et al. 1997). Lavas almofadadas metamorfisadas de dimensões métricas in situ, encontradas na Fazenda do Colégio Progresso, atestam
atividade magmática oceânica (Figura 3). O Grupo Serra do Itaberaba é composto, da base para o topo, pelas formações Morro da Pedra Preta, Jardim Fortaleza, Nhanguçu e Pirucaia (JULIANI
et al. no prelo) (Figura 2). A Formação
Morro da Pedra Preta é composta essencialmente por metabasitos do tipo N-MORB com presença de lavas almofadadas (Figura 3), rochas meta-vulcanoclásticas e metatufos com composições básicas
a intermediárias e metatufitos. A Formação Jardim . Fortaleza é composta principalmente por xistos, xistos grafitosos, xistos ricos em sulfetos e xistos manganesíferos;
subordinadamente, metabasitos, metatufos com composições básicas a intermediárias,
metatufitos, rochas cálcio-silicáticas, formações ferríferas do tipo Algoma (BIFs) e turmalinitos. A Formação Nhanguçu é composta essencialmente por xistos ferro-manganesíferos e xistos cálcio-silicáticos com intercalações de pequenas lentes de metabasitos,Proposta do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos é apresentada em evento na cidade
metatufos e mármores, os quais estão capeados por andalusita-clorita xistos. Os depósitos associados a esta formação foram depositados em um ambiente de retro-arco. A Formação Pirucaia é constituída por quartzitos e xistos ricos em quartzo, que correspondem a sedimentos da borda de bacia.
Na parte superior da Formação Morro da Pedra Preta há pequenos corpos metamorfisados de andesitos a riólitos, geneticamente vinculados à formação da bacia de retro-arco. A colocação destes corpos promoveu atividade de paleo-sistemas hidrotermais (JULIANI et al. 1994; PÉREZ-AGUILAR
1996, 2001; PÉREZ-AGUILAR et al. 2000, 2005,2007, 2011). Estes sistemas foram responsáveis pela geração de extensas zonas de alteração clorítica (ZC1), que foram cortadas por zonas restritas de alteraçãoclorítica (ZC2), argílica e argílica avançada. A composição química das zonas de alteração clorítica é semelhante àquelas associadas aos depósitos de metais de base do tipo Kuroko (e.g. FRANKLIN et al. 1981, FRANKLIN 1993, OHMOTO 1996, SHIKAZONO 2003). Os produtos metamórficos das ZC1 são rochas compostas essencialmente por quantidades variáveis de antofilita, gedrita e/ou cummingtonita ± Mg-cordierita ± granada ± quartzo (rochas com cummingtonita/antofilita), enquanto os
de ZC2 são rochas compostas principalmente por Mg-hornblenda + tschermakita ± Mg-clorita ou por Mg-clorita ± cummingtonita ± granada ± plagioclásio (PÉREZ-AGUILAR 1996, 2001; PÉREZAGUILAR et al. 2000, 2005, 2007). Os produtos metamórficos das zonas de alteração argílica e argílica avançada são rochas compostas por margarita
± rutilo ± coríndon ou por topázio ± rutilo e estão, no contexto do Grupo Serra do Itaberaba, associadas a processos mineralizantes em ouro (JULIANI et al. 1994, PÉREZ-AGUILAR et al. 2011). Geneticamente vinculados aos paleo -sistemas hidrotermais e à atividade exalativa associada também estão presentes BIFs, turmalinitos, granada anfibolitos, metapelitos ferro-manganesíferos, metapelitos ricos em sulfeto, assim como os produtos metamórficos de zonas carbonatizadas, potassificadas e silicificadas (JULIANI 1993; PÉ-REZ- AGUILAR 1996, 2001; PÉREZ-AGUILAR
et al. 2005, 2007, 2011; GARDA et al. 2003, 2009; BELJAVSKIS et al. 2005). O Grupo São Roque está composto, da base para o topo, pelas formações Pirapora do Bom Jesus (metabasitos e metassedimentos carbonáticos), Morro Doce (meta-conglomerados polimíticos, meta-arcóseos e filitos), Boturuna (arenitos e arenitos feldspáticos metamorfisados), Estrada dos Romeiros (metassedimentos rítmicos) e Jordanésia (metassedimentos rítmicos e metassedimentos grafitosos) (JULIANI et al. no prelo). Na área de estudo somente afloram unidades geológicas pertencentes às formações Morro Doce, Estrada dos Romeiros e Jordanésia (Figura 2).
3 MINERALIZAÇÕES DE OURO
No Grupo Serra do Itaberaba ocorrem mineralizações de ouro singenéticas e epigenéticas.
As primeiras estão preferencialmente associadas a um horizonte estratigráfico específico na interface entre as rochas metamórficas vulcânicas e vulcanoclásticas da Formação Morro da Pedra Preta e os metapelitos da Formação Jardim Fortaleza. Resultaram da colocação de pequenos corpos ígneos de composição intermediária a ácida, que promoveu atividade hidrotermal e exalativa, assim como da gênese de metabasitos. Subordinadamente há mineralizações de ouro em metapelitos grafitosos, turmalinitos, zonas de silicificação e rochas cálcio-silicáticas, que, por vezes, podem
ser ricas em sulfetos (JULIANI 1993; JULIANI et al. 1994; BELJAVSKIS et al. 1993, 1999; GARDA et al. 2002; PÉREZ-AGUILAR et al. 2011). O ouro singenético é de granulação muito fina, medindo menos do que 74 micra. Associa-se principalmente à pirrotita e pirita e, subordinadamente, a calcopirita, e apresenta teores entre 0,06 a 13 ppm, que se correlacionam com teores de Ag entre 0,06 e 0,6 ppm. Teores de Au mais elevados estão presentes em rochas meta-intermediárias e meta-exalativas (JULIANI 1993, BELJAVSKIS et al. 1993).
Mineralizações epigenéticas estão hospedadas em veios de quartzo, com espessuras entre 0,5 a 1,5 m, vinculadas a zonas de cisalhamento.
falhas transcorrentes, de empurrão e rúpteis, ou acompanhando o processo de sulfetação pervasiva que afeta principalmente rochas meta-vulcanoclásticas básicas e metapelitos (JULIANI 1993; BELJAVSKIS et al. 1993, 1999; GARDA et al. 2002). Ouro livre, de granulação mais grossa, está associado a calcocita e covelita, produtos de alteração da calcopirita, enquanto o ouro que preenche cavidades, microfraturas ou cresce ao longo das faces de cristais está associado a calcopirita e pirita (GARDA et al. 2002). O conteúdo de ouro epigenético pode variar entre 0,11 e 11,2 ppm (pontualmente foi obtido 25,6 ppm) e correlaciona-se a concentrações de prata entre 0,05 e 1,8 ppm (JULIANI 1993,
BELJAVSKIS et al. 1999). Nas rochas da Formação Morro da Pedra Preta foram reconhecidas quatro fases de sulfetação associadas a mineralizações de ouro, as duas primeiras singenéticas e as duas últimas epigenéticas (GARDA
et al. 2002). Valores negativos de δ34S obtidos para a pirrotita da fase I (-8,7 a -5,5‰) sugerem redução bacteriana do sulfato da água do mar com contribuição de enxofre, derivado de fluidos vulcanogênicos hidrotermais, exalados por fumarolas. Valores de δ34S positivos obtidos para a pirita e pirrotita da fase II (4,5 a 7,4‰) foram interpretados
como resultado da mistura de várias fontes de enxofre, incluindo fluidos hidrotermais magmáticos provenientes da colocação de pequenos corpos de andesitos a riodacitos, lixiviação de sulfeto ígneo da pilha vulcânica por células de convecção de água do mar e, em menor quantidade, sulfeto originado pela redução termoquímica de pequenas quantidades de sulfatos precipitados em fissuras. Valores positivos de δ34S (1,0 a 3,6‰) obtidos para calcopirita, pirita,
molibdenita e galena das fases III e IV foram atribuídos a uma mistura de enxofre presente na sequência vulcanossedimentar, lixiviada por fluidos pervasivos a fissurais derivados de granitos do tipo I. Na área do presente estudo, altos teores de ouro estão relacionados à superposição de eventos geológicos. Por exemplo, na bacia hidrográfica do Ribeirão Tomé Gonçalves o aumento desses teores associa-se à presença de um centro hidrotermal/exalativo, que formou turmalinitos e zonas de silicificaão, e à atuação posterior de um processo de cisalhamento de baixo ângulo e de falhas rúpteis tardias.
4 MÉTODOS DE LAVRA
A explotação do minério de ouro nos arredores de Guarulhos foi realizada manualmente pelos escravos, a céu aberto, constituindo verdadeiros garimpos coloniais. Os principais garimpos desenvolveram- se nas proximidades dos ribeirões das Lavras e Tomé Gonçalves e dos córregos Tanque Grande e Guaraçau. A figura 4 ilustra as estruturas
arqueológicas da atividade garimpeira nas nascentes do Ribeirão das Lavras. Dessa mesma época há registros de cavas feitas em zonas de cisalhamento na mina de Jaraguá (CARNEIRO 2000), constituindo estruturas da lavra de ouro que diferem daquelas presentes nas minas de Guarulhos. Entretanto, estruturas arqueológicas semelhantes às mapeadas por JULIANI et al. (1995) estão presentes nas Minas de Socorro (Minas Gerais), que compõem um complexo de mineração de ouro em plena expansão ao longo dos séculos XVIII e XIX, ocupando uma área aproximada de 2,5 ha (HENRIQUES 2008). Na região de Guarulhos o ouro foi principalmente minerado em sedimentos aluvionares, coluvionares e eluvionares, rocha intemperizada e veios de quartzo, onde foi concentrado, respectivamente,
devido a processos sedimentares, intempéricos e metamórficos/deformacionais. Aspectos relativos aos métodos utilizados na lavra de ouro nesta região podem ser encontrados nos trabalhos de JULIANI et al. (1995) e NORONHA (1960). Para a explotação de ouro era indispensável a água, que podia vir de lugares muito distantes. Por essa razão, há barragens de diferentes tamanhos (Figura 4), ou remanescentes das mesmas, dispersas pela área. A sua presença em locais mais elevados tornou possível o funcionamento simultâneo de diversas frentes de mineração a jusante. A água concentrada a montante era conduzida para as lavras através de dutos, túneis e valas que levavam água até canais ou sistema de canais construídos nas encostas dos vales em diversos níveis (Figura 4). O transporte de água também podiaser feito por meio de bicames de madeira suspensos por troncos de árvores, que podiam transpor bacias hidrográficas.
Na maioria dos garimpos, as estruturas próximas à drenagem encontram-se menos preservadas que as localizadas em altitudes maiores. Isto permite deduzir que, de forma geral, os trabalhos relativos à lavra de ouro devem ter se iniciado nos aluviões e paleo-aluviões, por representarem depósitos mais ricos e mais facilmente explotáveis. Posteriormente prosseguiu-se com a lavra do material coluvionar e eluvionar e, finalmente, com a explotação da rocha intemperizada.
Diversos métodos foram utilizados para desviar a água da drenagem nas lavras de aluvião, com a finalidade de auxiliar o processo de lavagem do cascalho. Tais desvios foram realizados por meio
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Quando estudamos o ciclo do ouro que ocorreu no Brasil, a maioria dos livros remete-nos ao Estado de Minas Gerais, precisamente as cidades de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João Del Rei. Um ciclo econômico que teve uma boa parcela de mão de obra escravocrata que ocorreu durante o final do século XVII e início do século XVIII. O ouro trouxe fortuna a essa região. Enriqueceu famílias e foi capaz de influenciar a mudança da capital do Brasil, até então em Salvador, para o Rio de Janeiro, cidade bem mais próxima para o deslocamento até as regiões mineradoras.
Mas não foi apenas em Minas Gerais que ocorreu esse tipo de exploração. Em São Paulo, precisamente na cidade de Guarulhos, também aconteceu este ciclo econômico.
Os primeiros indícios de ouro na região guarulhense remontam ao ano de 1590, ou seja, este período antecedeu pelo menos 100 anos comparado ao ciclo mineiro. O bandeirante Afonso Sardinha “o moço”, filho do então desbravador Afonso Sardinha, não só localizou ouro na região da Serra da Mantiqueira, em Guarulhos, mas também na região do Jaraguá e da cidade de São Roque.
Essa corrida do ouro desenfreada e intensa ocasionou na escassez do mesmo. Já em meados do século XVIII, estava cada vez mais difícil e perigoso extrair o ouro das rochas. Acidentes de trabalho, como desmoronamentos, começaram a ser frequentes e o declínio da extração de ouro virou uma realidade em Guarulhos. Neste mesmo período, exploradores descobriram uma nova jazida de metais preciosos, em Minas Gerais, ocasionando a migração dos trabalhadores que estavam em solo guarulhense.
Atualmente está sendo estudada a criação de um Geoparque nesta extinta região do ciclo do ouro. O conceito de Geoparque constitui-se em uma área de proteção ambiental e científica que possui significados geológicos sendo necessária sua preservação para se tornar um patrimônio certificado pela UNESCO. Foi feito também um pedido de tombamento ao CONDEPHAAT que está sendo analizado.
Antiga escada de pedra, feita por escravos.
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Grupo de trabalho do Geoparque Ciclo do Ouro faz audiência pública
Nesta quarta-feira, dia 23, às 15 horas, acontece no auditório da Junta Comercial do Estado de São Paulo - Jucesp (rua Caraguatatuba, 32, Centro, Guarulhos), uma audiência pública para apresentação de um relatório final feito pelo Grupo de Trabalho (GT) do Geoparque Ciclo do Ouro.
Na oportunidade, serão apresentados e debatidos os resultados alcançados pelo grupo no intuito de estabelecer os limites, os sítios de interesse geológicos e a forma de gestão do Geoparque na cidade.
Instituído pelo Decreto Municipal nº 28.300/2010, o GT conta com membros dos governos municipal, estadual e federal, entidades religiosas, ONGs, universidades e entidades que desenvolvem trabalhos associados à Geoconservação e temas relativos ao Geoparque.
Ao longo deste ano, o grupo realizou diversas reuniões para fazer o diagnóstico dos sítios, da comunicação e da gestão do Geoparque. Desenvolveu dois seminários com a participação de especialistas da cidade e de outras partes do país. O Geoparque também foi discutido nos fóruns dos conselhos municipais de Defesa do Meio Ambiente, de Turismo e de Desenvolvimento Urbano; dos conselhos gestores da APA Cabuçu Tanque Grande e do Parque Estadual da Cantareira; bem como com padres da Cúria Católica de Guarulhos e de representantes das Religiões de Matriz Africana.
Membros do GT com o apoio do Departamento de Turismo apresentaram o Geoparque junto aos municípios do eixo da Fernão Dias que desenvolvem o roteiro do Bandeirante Fernão Dias Pais, com apoio da Secretaria do Estado de Turismo. Aconteceram também apresentações dos trabalhos na Semana de Sustentabilidade, daEscola Estadual Antônio Pratici, na 9ª Conferência de Turismo de Guarulhos, na 14ª edição do Congresso Latino-Americano de Geologia em Medelín (Colômbia), no 1º Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico e no 12º Simpósio de Geologia do Sudeste em Nova Friburgo, ambos no Rio de Janeiro.
Os trabalhos desenvolvidos para implantação do Geoparque Ciclo do Ouro concorreram ao Prêmio Rodrigo de Melo Franco, 2011, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, ficando entre os seis finalistas do Brasil, na categoria Proteção do Patrimônio Natural e Arqueológico.
Geoparque
Guarulhos possui importantes características que favorecem e justificam a criação do Geoparque Ciclo do Ouro, com uma série de sítios geológicos e históricos ao norte da cidade, que abrangem desde o Cabuçu até a Serra do Itaberaba, local onde está sendo instalado o corredor ecológico, com a estruturação de quatro áreas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Três são de proteção integral representadas pelo Parque Natural Municipal da Cultura Negra Sítio da Candinha, Estação Ecológica do Tanque Grande e Reserva Biológica Burl Marx, e um local de uso controlado, a Área de Proteção Ambiental (APA) Cabuçu - Tanque Grande.
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9ª Conferência Municipal de Turismo
Com a participação do Geólogo, Edson José de Barros, que palestrou sobre a importância da implantação do geoparque para o turismo na cidade de Guarulhos, representando o Grupo de Trabalho, criado para este fim, tendo ocorrido a participação de outros membros do Grupo.
FINALISTAS DO PRÊMIO RODRIGO MELO FRANCO DE ANDRADE - 31/08/2011
Um total de 81 ações estão concorrendo na etapa final da 24ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. As 27 Superintendências estaduais analisaram 230 ações inscritas em todo o país. As 81 ações selecionadas peloas Comissões Regionais 81 ações serão, agora, avaliadas pela Comissão Regional que divulgará, em outubro, as sete vencedoras.
Os selecionados estão inscritos nas seguintes categorias:
• Promoção e Comunicação – 13 ações
• Educação patrimonial – 18 ações
• Pesquisa e inventário de acervos – 13 ações
• Preservação de bens Móveis – 6 ações
• Preservação de bens Imóveis – 8 ações
• Salvaguarda de bens de natureza imaterial – 17 ações
• Salvaguarda de bens de natureza imaterial – 17 ações
• Proteção do patrimônio natural e arqueológico – 6 ações:
1. AÇÃO: Ilustrando o Cerrado.PROPONENTE: Sra. Geni Alexandria – Goiânia/GO.
2. AÇÃO: Oficina de Capacitação em calceteria para Jovens Bonitenses. PROPONENTE: Associação Amigos da Brazil Bonito (José Ronald Gonçalves Rosa Jr.) – Bonito/MS.
3. AÇÃO: Contribuição da Geologia Arqueológica ao estudo das reduções Jesuítico‐Guaranis do Rio Grande do Sul.
PROPONENTE: Sr. Carlos Henrique Nowatzki – Porto Alegre/RS.
4. AÇÃO: Geoparque Ciclo de Ouro de Guarulhos.
PROPONENTE: Prefeitura Municipal de Guarulhos (Alexandre Kise – Edson Barros) ‐Guarulhos/SP.
5. AÇÃO: Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos.
PROPONENTE: Instituto Cultural Cidade Viva. Rio de Janeiro/RJ.
6. AÇÃO: Memória, Registro, Educação, Pesquisa e Organização: Nossa Identidade.
PROPONENTE: Associação Quilombolas Unidos do Rio Capim – AQURC – São Domingos do Capim/PA.O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade foi criado em 1987 em reconhecimento a ações de proteção, preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro e está dividido em sete categorias. De acordo com o edital, cada ação só pode ser inscrita em um das sete categorias. Os candidatos, pessoas físicas ou jurídicas, apresentaram um dossiê ilustrado para caracterizar plenamente a atividade. Os vencedores nacionais de cada categoria serão premiados com troféu e R$ 20 mil.
Rodrigo Melo Franco de Andrade O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898 em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil. Na política foi chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. O grupo era formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922. Rodrigo Melo Franco de Andrade comandou o Iphan desde sua fundação em 1937, até 1968.
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Turismo ecológico e cultural poderá vir a ser a nova atração de nossa cidade
Com o tombamento do Sítio da Candinha e a criação do Geoparque Ciclo do Ouro, Guarulhos poderá tornar-se uma referência da cultura afro-brasileira e um polo do ecoturismo
Sitio da Candinha – Em dezembro de 2008, o prefeito Elói Pietá assinou a lei que criou o Parque da Cultura Negra Sítio da Candinha. Com uma área inicialmente de 177 mil metros quadrados, o parque teve sua área ampliada para um milhão de metros quadrados, depois que a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) teve de compensar, por determinação do Ministério Público, o impacto ambiental causado pela implantação do Aeroporto Internacional de Cumbica na década de 80. A empresa teve de destinar R$ 4,5 milhões para que o município pudesse investir na recuperação de seu patrimônio ambiental, histórico e cultural.
Situado na serra da Cantareira, uma das maiores áreas de mata tropical nativa do mundo, o parque abriga uma construção do século 19, antiga morada de escravos. O casarão do sítio da Candinha é o único no estado de São Paulo que preserva a arquitetura da época (final do século 18).
A construção é feita de taipa de pilão, técnica que se usava nas paredes com o barro pilado entre madeiras, e prevaleceu durante 300 anos no Brasil. A senzala será restaurada e se tornará patrimônio histórico da cultura africana para visitação pública.
O parque é um grande manancial histórico, cultural e ecológico. Em meio à vegetação densa, túneis, nascentes e árvores centenárias é possível observar muros de pedras construídos pelos escravos para represar as águas das lavras. Estudos geológicos apontam para a existência do minério de ouro. Também já foram encontrados peças de cerâmica com desenhos de origem afro e vestígios arqueológicos da presença e do trabalho dos negros nos canais de mineração a partir de 1597.
Geoparque Ciclo do Ouro – Abrangendo desde o Cabuçu até a serra do Itaberaba, o Geoparque Ciclo do Ouro compreende uma série de sítios geológicos, históricos e de belezas cênicas ao norte de Guarulhos, onde será instalado um corredor ecológico, com a construção de três áreas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Duas delas serão parques municipais: o do Ribeirão das Lavras e o do Bananal/Sítio da Candinha.
O sítio Marundito do Pico Pelado tem elevado valor geológico, pois possui rochas raras, associadas a mineralizações de ouro, que possibilitam reconstituir o passado na Terra e o seu desenvolvimento.
A maior das rochas tem aproximadamente 60 metros de comprimento. Outras indicam que foram geradas no fundo do oceano e sinalizam vestígios da existência de um mar com atividade vulcânica em Guarulhos há cerca de 1 bilhão e 600 milhões de anos.
Após a aquisição dos terrenos particulares, os sítios vão integrar o mosaico Cantareira-Mantiqueira e o Geoparque Ciclo do Ouro, que são áreas ambientalmente preservadas. No local, a Prefeitura implantará um grande parque aberto à visitação pública monitorada, onde serão desenvolvidas atividades de ecoturismo, educação ambiental e trilhas, além de eventos da cultura afro.
O parque também terá núcleo de pesquisa, centro de preservação da cultura negra, espaço para roda de capoeira, restaurante com comidas típicas e parada de ônibus para facilitar o acesso da população.
A área é considerada de alta prioridade para proteção no município por possuir registros arqueológicos, rica biodiversidade, recursos hídricos e cenários geomorfológicos com mirantes e cachoeiras. A Prefeitura desenvolve medidas para preservar e promover o manejo adequado e o turismo na região.
O empresário lembrou que oferecer produtos para o freguês provar já é tradição nas feiras livres.
“Ninguém faz isso melhor que os feirantes. Foram eles que conseguiram fazer com que o consumidor aceitasse o nosso produto. Nenhuma estrutura de venda, seja supermercado ou quitanda, consegue esse tipo de relacionamento”, afirmou Prado, ressaltando que o projeto de degustação e merchandising do Melão Rei, que começa pelas feiras livres de Guarulhos, é uma espécie de agradecimento pelo trabalho dedicado desses comerciantes e que nada seria cobrado pelo material promocional.
Segundo Leonardo Grecu, supervisor de Operações da Pool Services, agência de marketing promocional contratada pela Itaueira para formatar o projeto, era um sonho de José Roberto Prado iniciar essa gestão dentro das feiras, de forma a provocar “uma revitalização no relacionamento entre o feirante, o produtor e consumidor final”.
Ecoturismo em Mata Atlântica preservada – Guarulhos tem cerca de 30% de sua cobertura vegetal remanescente da Mata Atlântica, onde foram preservadas espécies como cipós, bromélias, orquídeas, cactus, embaúbas, manacás-da-serra, jerivá e muitas outras. A cidade que nos últimos 50 anos suportou um grande crescimento, abrigando hoje 1,3 milhão de habitantes e 2.500 indústrias,
conseguiu conservar em sua área urbana mais de 400 praças, 12 parques e 46 áreas verdes, com espécies procedentes do Parque Estadual da Cantareira (Núcleo Cabuçu), Fazenda Itaverava, algumas áreas localizadas na Tapera Grande, além de redutos de mata preservados pela legislação ambiental, tais como Bosque Maia, Parque Fracalanza, Aeroporto Internacional, entre outros.
As áreas urbanas preservadas mais escolhidas para passeios são o Bosque Maia, na região central; o Horto Florestal (reserva biológica), na região de Bonsucesso; o parque Chico Mendes, na região do Pimentas; e o Zoológico, no Jardim Rosa de França.
Horto Florestal – O Horto Florestal se destaca pela sua reserva biológica. O local é protegido para atender às demandas de preservação da biodiversidade, multiplicação das espécies arbustivas, preservação da fauna e da flora, conservação dos recursos naturais, além de ampliação das pesquisas e projetos em educação ambiental.
Inaugurado em 1981, o parque apresenta-se como um verdadeiro complexo ambiental. Está localizado na Estrada do Morro Grande, s/nº, no bairro Água Azul, região de Bonsucesso. Abriga em sua extensão a Reserva Biológica Burle Marx, um Centro de Educação Ambiental (CEA), além de um espaço para a produção de mudas com viveiros e estufa, destinado aos projetos paisagísticos, de arborização urbana e de recuperação de áreas degradadas. Local e visitação:............................................
Reportagem, revista Viva Guaru, edição 21 de julho de 2011.
E-mail: (vivaguaru@gmail.com.br)
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1º Seminário do Geoparque debate conservação histórica e ambiental
A Secretaria de Meio Ambiente promoveu nesta sexta-feira (17) o 1º Seminário do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos. A finalidade do encontro, realizado no auditório do Paço Municipal (avenida Bom Clima, 91), foi apresentar os resultados da pesquisa elaborada por um grupo de 36 pesquisadores e estudiosos que estão construindo um plano de gestão para o Geoparque, desde dezembro de 2010. A equipe é formada por geólogos, geógrafos, biólogos, historiadores, sociólogos, engenheiros e advogados, entre outros. Existem também membros da sociedade civil e moradores da região.
O Geoparque Ciclo do Ouro, na Serra da Cantareira, compreende uma série de sítios geológicos e históricos ao norte de Guarulhos, que abrangem desde o Cabuçu até a Serra do Itaberaba, local onde está sendo instalado o corredor ecológico, com a estruturação de quatro áreas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Três são de proteção integral representadas pelo Parque Natural Municipal da Cultura Negra Sítio da Candinha, Estação Ecológica do Tanque Grande e Reserva Biológica Burle Marx, e um local de uso controlado, a Área de Proteção Ambiental (APA) Cabuçu - Tanque Grande.
As quatro unidades se associam com a área do ciclo da exploração do ouro em Guarulhos, que começou em 1597 e teve duração de 250 anos. A região é considerada de relevante interesse para o município por possuir registros arqueológicos notáveis, associados à biodiversidade e recursos hídricos do Corredor Cantareira Mantiqueira.
O seminário é mais um passo no sentido da preservação histórica e ambiental da cidade. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Alexandre Kise, o evento tem extrema importância porque a sociedade precisa compreender melhor o que é o Geoparque e de que forma ele influencia o desenvolvimento sustentável de Guarulhos. O projeto consiste na preservação de área histórica, geológica e natural no corredor Cantareira – Mantiqueira.
Segundo o geólogo Antônio Theodorovicz, do Serviço Geológico do Brasil, o Geoparque é um instrumento de proteção. “Trata-se de uma marca atribuída pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) a uma área onde os sítios do patrimônio geológico representam parte de um conceito de proteção e seu aproveitamento para contar a história geológica da terra, além de promover estudos científicos, educação ambiental e desenvolvimento sustentável.”
Para o historiador Elton Soares de Oliveira, do Movimento Guarulhos tem História, a sociedade terá a oportunidade de acompanhar a formulação das propostas para implantação do Geoparque Ciclo do Ouro. Segundo ele, no passado a cidade recebia indígenas que eram caracterizados como coletores. No entanto, o processo de estruturação começou depois do ciclo do ouro, que abriu caminhos em função da necessidade de construção de um processo produtivo para alimentação dos trabalhadores das minas. Há relatos desde 1600, que ajudam a recompor o patrimônio histórico da cidade. Segundo o geólogo da Secretaria de Meio Ambiente, Edson Barros, as pesquisas apresentadas pelo grupo de trabalho dão prosseguimento à fase de coleta de dados, que ajudará a desenvolver o plano de gestão do Geoparque.
Plano de Gestão do Geoparque
O plano de gestão do Geoparque Ciclo do Ouro possibilitará a Guarulhos aproveitar melhor seu potencial turístico e ambiental, bem como deixar claro os próximos passos para o resgate da história e para a preservação do Meio Ambiente, com ações locais de educação ambiental e de turismo. O fortalecimento do Geoparque dará visibilidade perante a rede mundial, o que pode garantir recursos internacionais, bem como a possível inserção na lista de patrimônios naturais da humanidade da Unesco.
********************************************************************************Serão apresentados também os trabalhos em andamento relacionados ao Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos.
A Secretaria de Meio Ambiente realiza nesta sexta-feira, dia 17, das 8 às 13 horas, o 1º Seminário do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos, no Auditório do Paço Municipal.
A iniciativa tem por objetivo estruturar este patrimônio histórico, de forma a preservar sítios geológicos que tiveram um papel importante durante o ciclo do ouro vivido no Estado de São Paulo.
O encontro é destinado principalmente aos estudantes de nível médio, universitários, professores, dirigentes escolares, pesquisadores e gestores públicos. No dia, além de conferência de especialistas no assunto, haverá o lançamento do blog “Geoparque Ciclo do Ouro – Guarulhos” (confira a programação na tabela).
Serão apresentados também os trabalhos em andamento relacionados ao Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos. Os estudos, ainda em desenvolvimento, servirão para a formulação de políticas específicas voltadas à construção da sustentabilidade regional. Isso pode ocorrer pelo resgate dos patrimônios públicos associados ao primeiro ciclo do ouro do território brasileiro. Mais informações pelo telefone 2441-4663.
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QUINTA-FEIRA, 9 DE JUNHO DE 2011
I Seminário do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos
O Seminário tem por objetivo discutir o potencial da história da mineração em São Paulo, apresentando os trabalhos do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos, destacando o potencial dessa temática no desenvolvimento de políticas, voltadas a construção da sustentabilidade regional, seja pelo resgate dos patrimônios associados ao primeiro ciclo do ouro do território brasileiro, seja pelos aspectos associados às práticas sustentáveis de conservação, educação e turismo.
Inscrições e informações: 2441-4663
sandrapaulo@guarulhos.sp.gov.br
O Seminário tem por objetivo discutir o potencial da história da mineração em São Paulo, apresentando os trabalhos do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos, destacando o potencial dessa temática no desenvolvimento de políticas, voltadas a construção da sustentabilidade regional, seja pelo resgate dos patrimônios associados ao primeiro ciclo do ouro do território brasileiro, seja pelos aspectos associados às práticas sustentáveis de conservação, educação e turismo.
Inscrições e informações: 2441-4663
sandrapaulo@guarulhos.sp.gov.br
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Geoparque Ciclo do Ouro incentiva preservação de sítios geológicos
Programação – 1º Seminário do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos
Cadastramento
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8 horas
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Abertura
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9 horas
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“Projeto Geoparques do Brasil (Antônio Theodorovicz” – Serviço Geológico do Brasil)
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9h30
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Café
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10 horas
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“A história do ciclo do ouro em Guarulhos” (Elton Soares de Oliveira – Movimento Guarulhos Tem História)
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10h15
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“Potencialidades e sustentabilidade dos geossítios do Geoparque Ciclo do Ouro em Guarulhos” (Edson José de Barros – Secretaria de Meio Ambiente)
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10h45
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“Potencial geológico regional e as minas de São Paulo” (Annabel Perez Aguiar – Instituto Geológico)
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11h15
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Debates
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11h45
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Lançamento do blog “Geoparque Ciclo do Ouro – Guarulhos”
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12h15
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Encerramento
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13 horas
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(fonte: sindiquimicos.org.br )
Marianna Falcão 14/06/2011 10:07
Estudantes, professores, pesquisadores e membros do poder público devem comparecer à audiência.
O primeiro seminário do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos será realizado no Auditório do Paço Municipal, na próxima sexta-feira. A iniciativa da Secretaria de Meio Ambiente visa estruturar e preservar os sítios geológicos, que tiveram destaque durante o ciclo do ouro no século 16.
Os patrimônios geológicos estão concentrados na região nordeste da cidade, especialmente ao longo do Ribeirão das Lavras, Tanque-Grande, Tomé Gonçalves, Fortaleza e Seminário Diocesano, no Lavras. Os sítios apresentam estruturas indicativas de mineração de ouro, tais como: canais, túneis e lagos de decantação.
Segundo o secretário de Meio Ambiente, Alexandre Kise, o primeiro passo para a preservação é o conhecimento das estruturas existentes, associado à aquisição de áreas, criação de unidades de conservação e parcerias com o setor privado.
"A criação do Geoparque Ciclo do Ouro representa um conjunto de benefícios que vai do resgate histórico do período colonial do Brasil, em Guarulhos, até a conservação paisagística e ambiental da região", afirma Kise.
O encontro é destinado principalmente aos estudantes de nível médio, universitários, professores, dirigentes escolares, pesquisadores e gestores públicos. No dia, além de conferência de especialistas no assunto, haverá o lançamento do blog "Geoparque Ciclo do Ouro - Guarulhos".
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Evento discute preservação do Geoparque Ciclo do Ouro em GuarulhosWeb
Redação Guarulhosweb 02/06/2011 16:05
Encontro deve promover a preservação do patrimônio da época da mineração
No próximo dia 17 de junho, a Prefeitura de Guarulhos realizará o 1º Seminário do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos. O evento acontecerá no Auditório do Paço Municipal das 8h às 13h. A iniciativa da Secretaria de Meio Ambiente tem como objetivo incentivar a preservação de sítios geológicos importantes para o ciclo do ouro do estado de São Paulo no século XVI.
Devem participar do encontro estudantes de nível médio e superior, além de professores e outros profissionais de educação. Durante o evento, serão exibidos trabalhos e estudos que possuem o parque como tema. Além da conferência, haverá na ocasião o lançamento do blog "Geoparque Ciclo de Ouro - Guarulhos". Mais informações pelo telefone
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Segunda-feira - 01 de Fevereiro de 2010 às 13:55
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foto: Zaca Oliveira/PMG
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Criação de Geoparque em Guarulhos é avaliada como positiva
Terça-feira - 20 de Maio de 2008 às 16:32
O presidente da Câmara de Compensação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Pedro Ubiratan, avaliou como positiva a proposta da Prefeitura de Guarulhos de criação do Geoparque Ciclo do Ouro, como forma de receber os recursos de R$ 4,58 milhões que a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) terá de pagar para compensar o impacto ambiental provocado pela construção do Aeroporto de Cumbica. A avaliação foi feita na manhã desta terça-feira, dia 20, durante reunião do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), em São Paulo.
A indenização compensatória consta do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC), assinado no último dia 25 de março pela Prefeitura, a Infraero e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Entretanto, a quantia foi destinada a um projeto da Prefeitura de São Paulo intitulado Parque Estadual Fontes do Ipiranga. “A Câmara não se oporá a reavaliar a destinação da verba, desde deque o projeto guarulhense contenha soluções para recuperar a biodiversidade ambiental”, declarou Ubiratan.
Na sua opinião, não existe nenhuma contradição no fato de a quantia estar sendo direcionada para a cidade de São Paulo, uma vez que o dano ao meio ambiente ocorreu em Guarulhos. Segundo ele, a a lei estipula que a compensação deva ser feita na Região Metropolitana e, no caso do Parque Estadual Fontes do Ipiranga, trata-se de uma iniciativa para preservar a nascente do riacho do Ipiranga. “Como o projeto de Guarulhos integra o Parque da Cantareira, o que se encaixa perfeitamente dentro do Programa Biota, creio que a Câmara analisará com muito cuidado esse pedido de revisão”, avaliou.
Geoparque
O Geoparque Ciclo do Ouro compreende uma área de aproximadamente três quilômetros quadrados, abrangendo desde o Tanque Grande até a Serra do Itaberaba, onde será instalado um corredor ecológico, com a construção de três áreas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Duas delas seriam parques municipais: o do Ribeirão das Lavras e o do Bananal/Sítio da Candinha. A terceira seria uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que já possui recursos hídricos e de biodiversidade. As três unidades têm associação com o ciclo da exploração do ouro em Guarulhos, que começou em 1597 e teve duração de 250 anos. A área é considerada de reserva legal do município por possuir registros arqueológicos.
“O Geoparque permitirá a conexão de Guarulhos com o Parque da Cantareira, ao mesmo tempo em que promoverá uma relação entre a parte urbana da cidade com a região das lavras onde aconteceu o ciclo do ouro”, defende Edson José de Barros, diretor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Já o coordenador de Assuntos Aeroportuários, Roberto Moreno, entende que o projeto irá criar um mosaico de proteção ambiental totalmente inserido nabacia do rio Baquirivu-Guaçu, além de preservar a vegetação remanescente da Serra da Cantareira. “Sem contar que há no local remanescentes arqueológicos e do patrimônio histórico do município que precisam ser preservados, como é o caso da antiga Fazenda da Candinha, que receberá recursos do Governo Federal para se transformar no Centro de Preservação da Memória e Cultura Negra, que está integrado ao conjunto”,afirmou.
Biota
O Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, denominado Biota-Fapesp (Instituto Virtual da Biodiversidade), é o resultado da articulação da comunidade científica do Estado de São Paulo em torno das premissas preconizadas pela Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada durante a ECO-92 e ratificada pelo Congresso Nacional em 1994.
Fonte: http://www.guarulhos.sp.gov.br/
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Prefeitura quer criar geoparque na região do Tanque Grande
Segunda-feira - 19 de Maio de 2008 às 17:15
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Guarulhos apresenta projeto do Geoparque
Guarulhos apresentará, na próxima quinta-feira (11), em Florianópolis, o projeto da unidade de conservação ambiental do Geoparque Ciclo do Ouro, criado por decreto em 2008 e em fase de estruturação. A exposição será feita durante a 2ª Mostra Nacional de Desenvolvimento Regional, a ser realizada no Centro de Convenções Centro Sul, de 10 a 14 de março.
A apresentação, a convite do Serviço Geológico do Brasil e do Ministério da Integração, está prevista para acontecer durante as discussões dos grupos de trabalho sobre “Os Geoparques como instrumentos de desenvolvimento regional e a formação da rede nacional de Geoparques”.
Especialistas brasileiros e estrangeiros compartilharão experiências concretas de articulação de políticas e ações para promoção do desenvolvimento regional durante o encontro. A participação no evento representa, para Guarulhos, o fortalecimento do Geoparque, a garantia de visibilidade perante a rede mundial, e a possível inserção futura na lista de patrimônios naturais da humanidade da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
O Geoparque de Guarulhos
O Geoparque Ciclo do Ouro, na serra da Cantareira, compreende uma série de sítios geológicos, históricos e cênicos ao norte de Guarulhos, abrangendo desde o Cabuçu até é a Serra do Itaberaba, onde será instalado um corredor ecológico, com a construção de três áreas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Duas delas serão parques municipais: o do Ribeirão das Lavras e o do Bananal/Sítio da Candinha. A terceira será uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que possui recursos hídricos e de biodiversidade.
O sítio Marundito do Pico Pelado que integra o Geoparque tem elevado valor geológico, pois possui rochas raras, associadas a mineralizações de ouro, que possibilitam reconstituir o passado na Terra e o seu desenvolvimento geológico.
A maior das rochas tem aproximadamente 60 metros de comprimento. Outras, além de apresentarem indícios passados de minério de ouro, explicando, por conseguinte, o ciclo de exploração em Guarulhos, que começou em 1597 e teve duração de 250 anos, indicam que algumas delas foram geradas no fundo do oceano e sinalizam vestígios da existência de um mar com atividade vulcânica em Guarulhos há cerca de 1 bilhão e 600 milhões de anos.
As três unidades e os demais sítios propostos para comporem o Geoparque têm associação com o ciclo da exploração do ouro em Guarulhos, que começou em 1597 e teve duração de 250 anos. A área é considerada de alta prioridade para proteção no município por possuir registros arqueológicos, alto valor de biodiversidade, recursos hídricos e cenários geomorfológicos com mirantes e cachoeiras, incidindo restrições legais, estando a Prefeitura desenvolvendo ações para preservar e promover o manejo adequado em ações de educação e turismo na região.
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Almeida assina decreto que institui equipe de estudo sobre Geoparque
Extraído de: Prefeitura Municipal de Guarulhos - 08 de Dezembro de 2010
Guarulhos completa nesta quarta-feira (8) 450 anos de existência, dando mais um passo no sentido da preservação histórica e ambiental, com assinatura do decreto 28.300/2010 que institui uma equipe responsável pelo projeto do Geoparque Ciclo do Ouro. A assinatura foi feita pelo prefeito Sebastião Almeida no Teatro Padre Bento.
O projeto consiste na preservação de área histórica, geológica e natural no corredor Cantareira - Mantiqueira. Após a publicação do decreto, o grupo de 36 pesquisadores e estudiosos terá um prazo de 60 dias para apresentação de um relatório final. A equipe é formada por geólogos, geógrafos, biólogos, historiadores, sociólogos, engenheiros e advogados, entre outros. Existem também membros da sociedade civil e moradores da região onde será implantado o Geoparque.
O Geoparque Ciclo do Ouro, na Serra da Cantareira, compreende uma série de sítios geológicos e históricos ao norte de Guarulhos, que abrangem desde o Cabuçu até a Serra do Itaberaba, local onde será instalado o corredor ecológico, com a construção de três áreas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Duas áreas do SNUC serão parques municipais: o do Ribeirão das Lavras (Tanque Grande) e o do Sítio da Candinha (Bananal). A terceira será uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que possui recursos hídricos e biodiversidade. As três unidades têm associação com o ciclo da exploração do ouro em Guarulhos, que começou em 1597 e teve duração de 250 anos. A área é considerada de reserva legal do município por po
ssuir registros arqueológicos
Para o prefeito, a assinatura do decreto é um março na história e na defesa dos recursos naturais da cidade. "O decreto é a certeza de que o projeto possibilitará a Guarulhos aproveitar melhor seu potencial turístico e ambiental, bem como deixar claro que estamos trabalhando para o resgate da história e para a preservação do Meio Ambiente".
Almeida fez questão de cumprimentar alguns dos pesquisadores presentes, que segundo ele serão os responsáveis pela recuperação da história e por deixá-la viva na mente das pessoas. "A história precisa ser contada por sua gente", salientou.
Para Guarulhos o fortalecimento do Geoparque dará visibilidade perante a rede mundial, o que pode garantir recursos internacionais, bem como a possível inserção na lista de patrimônios naturais da humanidade da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
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